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Da sabedoria popular às evidências científicas: Pesquisador da UFDPar relaciona o consumo de melancia ao aumento da dor de cabeça

publicado: 18/09/2023 10h35, última modificação: 18/09/2023 11h14

Você já ouviu falar que o consumo de melancia provoca dores de cabeça? Mas, o que uma fruta, compreendida como um alimento saudável, pode ter a ver com este desconforto?

A pesquisa inédita realizada pelo pesquisador Raimundo Silva-Néto, professor adjunto II do Curso de Medicina da Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPar), traz evidências que relacionam o consumo de melancia com o aumento de quadros de enxaqueca em pessoas com cefaleia. O resultado, original e de grande importância para a saúde pública, foi publicado em diversas revistas nacionais e internacionais, tais como a European Neurology.

Na pesquisa de relevância médica, foi conduzida uma amostra dividida em dois grupos distintos: aqueles que sofriam de enxaqueca e aqueles que não eram afetados pela doença. O objetivo principal do estudo era investigar o potencial efeito da melancia sobre os níveis de nitrito no organismo. Para atingir esse propósito, ambos os grupos foram submetidos a uma ingestão controlada de melancia. Posteriormente, amostras de sangue foram colhidas para determinar os níveis de nitrito circulante. Os participantes acometidos pela cefaleia apresentaram níveis de nitrito aumentado e, por consequência, dores de cabeça.

Foto: Professor Dr. Raimundo Silva-Néto e o artigo publicado. Fotografo: Glauber Armando.

Segundo Silva-Néto, este efeito é desencadeado porque a melancia é uma fonte abundante de citrolina, aminoácido que também pode ser encontrado em algumas hortaliças, mas em quantidades inferiores. No nosso organismo, o aminoácido se converte em arginina, resultando em óxido nítrico.  Assim, a pesquisa reforçou a crença popular de que a melancia pode causar dor de cabeça, visto que moléculas de nitrito advêm dos aminoácidos presentes na fruta.

Em entrevista conduzida pela Coordenadoria de Comunicação Institucional da UFDPar, o professor destaca ainda a importância de que os estudos produzidos pela academia estejam disponíveis à população, a partir de publicações com uma linguagem acessível, que permita a apropriação desse saber no seu cotidiano e alcance maior qualidade de vida.

Há 20 anos se dedicando ao estudo das dores de cabeça, o docente possui uma extensa publicação científica, sendo um dos tradutores da Classificação Internacional de Cefaleias para o português. Segundo o pesquisador, em ranking feito pela Federação Mundial de Neurologia com os médicos que mais publicaram em 10 anos sobre a Cefaleia, Silva-Néto lidera o cenário nacional, sendo autor de 0,17% de um total de 40 mil publicações.

 

Foto: Professor Dr. Raimundo Silva-Néto e o livro Hypnic Headache. Fotografo: Glauber Armando.

Sua mais recente contribuição à ciência foi a publicação do livro “Hypnic Headache”, com colaboração da pesquisadora alemã Dagny Holle-Lee. O livro, publicado pela editora internacional Springer, aborda tópicos essenciais sobre aspectos clínicos da cefaleia hípnica, complementados por diagnóstico diferencial, fisiopatologia e tratamento.